Nesse último domingo (09), aconteceu a segunda edição do Casarau, projeto intimista que reune artistas locais com o público
Por Mariana KaoosPC Lima/ Foto: Divulgação |
Sentada em uma das três
cadeiras disponíveis na mesa do canto, eu olhava para o palco através da tela
da máquina digital que uma amiga segurava ao meu lado. Quanto mais ela mexia
nas opções de luz, contraste, brilho, cor, mais o cenário se alterava,
modificando as sensações causadas pelo momento. As sensações, não a mensagem. A
mensagem continuava precisa e voraz, ecoando por todos os cantos da casa.
Captando fragmentos daquele
instante, no visor da máquina apareciam Jeh Oliveira, Eduh Vasconcelos, Pc lLima
e Marlua, todos músicos da noite conquistense. Da composição do cajón, violão,
gaita e da voz arranhada de Marlua, saiu um “Negro Gato” mais malandro que o de
Melodia, mais sensual do que o de Marisa. Entre um miado e outro, o público se
deliciava com a versão em blues, que causava algumas danças desritmadas e
olhares de interesse.
Marlua, em vão, tentava
agradecer a presença de todos e finalizar as apresentações daquele dia. O público,
ainda querendo samba, ainda querendo som, não deixou isso acontecer. Pegando o violão
das mãos de Jeh Oliveira, Fernanda Conegundes, uma das mais novas cantoras no
cenário musical da cidade, ajeitou o microfone e, pedindo o auxílio de um
pandeiro, começou a tocar Cabide, de Mart'nália. A noite, por enquanto, ainda
estava salva.
O
Casarau
Banda Fulô do Cangaço/ Foto: Divulgação |
O projeto ocorre aos
domingos, dia em que a cidade não oferece muitas opções culturais, sempre a
partir das 13 horas. Com o intuito de
juntar a classe artística “que está meio espalhada, além de, muitas vezes, tem
preconceito com a própria classe”, o evento vem reunindo os mais diversos tipos
de pessoas.
Inicialmente, o
primeiro Casarau, ocorrido no dia 11 de novembro, tinha como meta divulgar sua
própria ideia e concepção, além dos artistas. Ele foi mais além. O público pôde
interagir, enviando poemas através das redes sociais. O músico Diego Oliveira,
fez um pocket show com seu projeto
Benjamin, os poetas Charles Ribeiro e Caio Resende recitaram poemas autorais e
Diego Costa também cantou algumas bossas. Nessa primeira edição, chovia, mas de
acordo com Marlua, “pareceu que depois da chuva estávamos de alma lavada para receber
as coisas boas que o Casarau proporcionou naquele dia”.
Já o segundo Casarau,
ocorrido nesse ultimo domingo (09 de dezembro) homenageou o samba (dia 2 de
dezembro é comemorado o dia do samba). Contando com a presença de inúmeros
músicos como as meninas da Fulô do Cangaço e David Maximus, o domingo
ensolarado foi regado à feijoada e muita cerveja. Cartola, Clara Nunes, Vinícius de Moraes, Só
Pra Contrariar, Zeca Pagodinho, foram alguns nomes que ganharam releituras de
suas músicas na tarde de domingo.
“Ponha
um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza
que tem um samba não...”
Palco improvisado no Casarau/ Foto: Divulgação |
Em
Vitória da Conquista muito samba de qualidade é produzido. Nos bares, nas
noites conquistenses, é possível ouvir horas a fio inúmeras versões de músicas
já consagradas, como também trabalhos autorais perspicazes e concretos. Mas, por
mais que algumas pessoas, timidamente, se levantem para dançar, e por mais que
haja cerveja e em alguns momentos até calor, sempre faltou espaço e iniciativas
para o samba e todos os outros ritmos, saírem do estilo musical e dos
microfones para se manifestarem nos pés e gingados alheios.
A energia, a
maneira como essa segunda edição do projeto se deu (infelizmente não pude
conferir a primeira) veio de maneira linda e inovadora para a cidade. Pela
primeira vez eu presenciei essas interações acontecerem e a força do som se
estender até os corpos presentes. Propostas como essa, que tira a frieza dos bares para oferecer "calor, fervor, fervura" estão começando a brotar de uma classe de artistas,
foliões, pensadores, boêmios que enxergam e querem mais além do que os
programas batidos e medíocres (em sua maioria) que acontecem na cidade. Além da
feijoada “de responsa”, da cerveja gelada e do repertório de qualidade, o Casarau
trouxe a paixão para diante dos meus olhos, para os meus pés, para os meus
lábios. Aquele instante preciso em que a gente sorri e não quer mais nada além
de todas aquelas sensações causadas pelo momento. Como diz Zeca Baleiro, "o
melhor da vida é isso e ócio".
Para mais informações, acesse o site: http://ocasarau.wix.com/site
haha.. gostei demais... obrigada meus amores... terá o casarau de natal hein.. dia 25!!!
ResponderExcluirP.S.: Adorei o título!! hhe
Massa demais Rebuceteiros!!! Dia 25 esperamos todos vcs aqui no CASARAU DE NATAL
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