quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

[#FSB2012] O Rebucetê Entrevista: Achiles Neto


  • Por Rafael Flores

    Festival de Música da Bahia/ Foto: Rafael Flores
    Achiles Neto talvez tenha sido um dos nomes mais comentados da cena independente de Vitória da Conquista este ano, inclusive por aqui n'O Rebucetê. Neste período, o cantor, junto com Marcus Marinho (violão) - com quem divide o palco e as composições - ganhou diversos prêmios, dentre eles o primeiro lugar no Festival de Música da Bahia.

    Encerrando o ano de muitas novidades, a dupla se prepara para subir ao palco do Festival Suíça Bahiana nesta sexta-feira (07). O show será baseado no disco Pandora, gravado em janeiro deste ano no interior de Minas Gerais. Em entrevista, Achiles nos adianta o que preparou para a apresentação e os planos para o próximo ano.

    O Rebucetê: O seu trabalho em parceria com Marcus Marinho colheu bastantes frutos durante o ano de 2012. Conte-nos primeiro como se iniciou o processo de reconhecimento na cidade?

    Achiles Neto: O processo de reconhecimento na cidade iniciou a partir de nossas tentativas de inserir nossa música, ainda sem uma identidade determinada e segura à época (meados de 2009), nos festivais de música e eventos culturais da universidade e da cidade como um todo. Daí nossa participação no FestUesb em 2009, bem como no "Por isso é que eu canto", edição 2010. A partir deste último evento, começamos a participar de iniciativas como o saudoso "Fechando o Beco", bem como de espaços culturais em simpósios, palestras, movimento estudantil, entre outros. No entanto, o nosso trabalho autoral veio conquistar respeito mesmo depois de nossa vitória do II Festival de Forró Pé-de-Serra do Periperi. Naquele instante, sem disco, sem gravações, "Agonília" conseguiu nos inserir no rol de artistas conquistenses reconhecidos.

    Show "A caixa de Pandora"/Foto: Thaminy Brito
    OR: Além do reconhecimento local, vocês também já ganharam prêmios de renome estadual e nacional. Qual o tamanho disso para vocês?

    AN: Nossa participação em Festivais fora daqui sempre partiu do preceito maior de divulgação de nossa música. E em pouco mais de 1 ano participando destes eventos, o saldo que acumulamos foi e está sendo extremamente positivo. Ademais, o festival pode ser um caminho para o artista independente angariar recursos para a promoção de sua arte. E para nós o próximo disco só é uma realidade devido aos prêmios que recebemos este ano. Então, os festivais, apesar de todas as críticas merecidas, conseguem nos manter como artistas, tanto na divulgação como na manutenção de nosso trabalho.

    OR: Durante o prêmio Suíça Bahiana, Achiles comentou sobre transformar o atual trabalho em um projeto. Ainda há essa intenção? Se sim, por quê?

    AN: Eu realmente divulguei o nome de nosso projeto, que inicialmente receberá o nome de 
     CAIM. Levar o trabalho que temos feito para este formato em grupo é priorizar a parceria entre Marquinhos e eu, evidenciando o nosso processo criativo, que sempre foi realizado conjuntamente. Estaremos mais livres para publicizar as coisas que temos criado, desvinculados de expectativas outras em torno de uma hierarquia musical entre voz e instrumento. Nossa perspectiva é justamente corrigir este erro histórico que limita o entendimento da música como um todo em prol de uma centralização das atenções em torno dos cantores. 

    OR: O que prepararam para o show de sábado no Festival Suíça Bahiana?

    AN: O show de sábado no Suíça Baiana está relacionado ao nosso primeiro disco, PANDORA, e manteremos a estrutura de shows que foi realizada até então com este projeto. A maioria das músicas do disco estarão presentes, além de releituras de outros compositores que gostamos. Evidenciaremos, no entanto, os sambas registrados no trabalho, a fim de compatibilizá-lo com a proposta estrutural do Festival. 

    OR: Após o festival, a próxima apresentação será no Natal da Cidade, projeto o qual você já participou quando venceu o concurso Por Isso Que Eu Canto, também organizado pela Prefeitura Municipal. Qual sua avaliação sobre as políticas públicas para a cultura em Vitória da Conquista? Estamos no caminho?

    AN: Sempre comentamos que Vitória da Conquista consegue se destacar no cenário baiano no que diz respeito às políticas públicas municipais direcionadas à cultura, e torcemos para que estas iniciativas consigam acolher de forma mais ampla as diversas manifestações culturais existentes. Além do espaço proposto por estas políticas, é importante que consigamos construir novas tendências, novos diálogos e novas concepções a respeito da música feita aqui. É preciso situar o discurso do regional de forma menos purista a fim de atender aqueles que não se encaixam neste circuito tradicional. Mas acreditamos que estamos no caminho... 

    OR: E para 2013, já temos algo em mente?

    Marcus Marinho no Festival de Música da Bahia
    AN: 2013 é ano de CAIM. Estamos com as maiores e melhores expectativas possíveis! Nos preocupamos em fazer um projeto ousado, original e irreverente, primando pela musicalidade, preocupações artísticas e políticas que nos dizem respeito. Espero que consigamos realizar na prática a estética discursiva na música e efetivar a função social de nosso trabalho, qual seja, a de emancipação. Estaremos acompanhados de amigos que participarão das gravações do projeto e que abrilhantarão CAIM com o talento que possuem. Acho que com CAIM as pessoas compreenderão de fato nossas influências e a musicalidade de meu amigo gênio, máquina de ritmos, compositor foda, que é Marcus Marinho. E mesmo sendo suspeito para falar, eu tenho conhecimento de causa.

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