sábado, 8 de dezembro de 2012

[#FSB2012] Respeita os loco de Conquista

A primeira noite do Festival Suíça Bahiana - #FSB2012 foi marcada por um ótimo desempenho das bandas locais e uma Cone Crew Diretoria que deixou a desejar.

Por Mariana Kaoos e Maria Eduarda Carvalho

Complexo Ragga/ Foto: Luiza Audaz

Tendo chegado à sua terceira edição, o Festival Suiça Bahiana, que esse ano ocorre na Arena Miraflores, apostou em um misto de atrações locais com grupos de fora. Quem compôs a noite de sexta feira foi o sambista Achiles Neto, seguido pelo grupo soteropolitano de pop rock Scambo, os regueiros do Diamba, Complexo Ragga e o grupo de rap carioca Cone Crew Diretoria.

De acordo com o produtor cultural do evento, Gilmar Dantas, “o critério de escolha das atrações foi de acordo com o que, de fato, está em evidência na cena cultural da cidade e do país. Um retrato do que é a cena nacional. O rock perdeu espaço e por isso não foi nosso foco esse ano. Resolvemos dar vazão para os estilos que têm potencial inovador como o hip hop e o ragga”.

Achiles Neto ainda passava o som quando os portões foram abertos para o público, por volta das 21h. As cervejas (a um preço de R$3,00 a lata) e as comidas (salgados, pizzas e espetinhos) já estavam no ponto, só não a produção do festival, que pareceu meio dispersa com essa questão de horários, mal informando ao público que o primeiro show ainda não havia começado.

Achiles Neto/ Foto: Henrique de Eça
Sanado esse problema, Achiles e sua banda abriram a noite com chave de ouro. Com músicas autorais e fazendo referência a grandes artistas como João Bosco, Gonzaguinha e Dorival Caymmi, o cantor emocionou as pessoas presentes, como também as fez tirar o pé do chão. A qualidade e concretude do seu trabalho é visível através de músicas como “Cocoa”, “João do BNH” e “Dafé”. Ele, sem dúvidas foi uma das melhores surpresas da noite.

Logo após sua apresentação, foi a vez de Scambo subir ao palco. Podia-se notar grande contingente de fãs, que ocuparam toda a frente do espaço dançando e pulando ao som de músicas autorais da banda, como “A Carne dos Deuses” e “Janela”, e conhecidos covers como “Muito Romântico”, de Caetano Veloso.

Pedro Pondé, vocalista da Scambo, com sua interpretação visceral, arrepiou a todos com “Carcará”, composição de João do Vale e Zé Keti. Em entrevista exclusiva para O Rebucetê, em agosto desse ano, Pedro explicou de onde vem a sua ótima performance no palco. “Minha formação é de teatro e até hoje eu encaro a música como teatro, até pra compor, pra cantar, e isso tá muito impregnado. Eu me sinto mais ator até do que cantor, eu acho que sou um ator cantando e não um cantor atuando”.

Diamba foi a terceira banda a tocar na noite. Muito energético, o vocalista Duda Sepúlveda balançava orgulhosamente seus dreads, cantando seu reggae com letras de conscientização e, como o próprio Duda define, “de mensagem que faz vibrar positivamente”. A banda fez um show em sua maior parte autoral, tocando canções do quarto álbum de estúdio, “Fraternidade Musical”, além de covers internacionais.

Entre meia noite e uma hora da manhã, os meninos do Complexo Ragga chegaram com tudo, incendiando a pista, colocando todo mundo para se remexer. Ao longo desse ano, o grupo vem ocupando todos os espaços da cidade, que vão desde a grandes festivais como o Festival da Juventude, às ditas “periferias”.

Supremo MC, JG Black e o Loroo Voodo, fizeram um show focando na essência dos mesmos, abordando em suas músicas fatos do cotidiano de cada um. “Sensimilla” e “Poder da Palavra” foram alguns dos hits que eles tocaram. Decididamente, o Complexo foi o melhor da noite, pela qualidade do som e pela humildade e boa energia com que eles levaram toda a apresentação.

Encerrando a noite, a atração mais esperada, Cone Crew Diretoria subiu ao palco e surpreendeu. Infelizmente a surpresa foi negativa, “os muleque” chamaram mais atenção pelas pérolas soltadas no palco do que pela música em si. O discurso que incluía ofensas a música sertaneja, atingiu até a própria presidenta da república num suposto ato de rebeldia que na verdade mostrou um discurso vazio com muita agressividade e pouco conteúdo.

Os problemas com a banda se estenderam ao backstage. A Cone Crew, que no palco canta a plenos pulmões “foda-se a tv”, restringiu o acesso e somente a emissora MTV, que acompanhava o grupo, pode fazer o seu trabalho. O show, como todo o resto, deu a sensação de que não passava de um grande circo midiático onde meia dúzia de meninos aprontava gracinhas para a câmera da tevê. Uma pena.

A primeira noite de Festival Suíça Bahiana foi sem dúvida brilhante por conta das atrações locais. Achiles Neto e a banda Complexo Ragga mostraram no palco um trabalho de qualidade igual ou superior as ditas atrações nacionais.

Scambo/ Foto: Luiza Audaz

O festival encerra os trabalhos do Coletivo durante o ano e na noite de sexta-feira mostrou bem um resumo do que viveu a cena alternativa de Vitória da Conquista. Ano de mais espaço para as culturas do rap, hip hop, sem dúvida memorável para o ragga e com uma forte presença das bandas soteropolitanas, como Scambo e Diamba.

Se em 2011 a aposta era os novíssimos baianos entitulados pelas bandas Maglore e Os Barcos, 2012 foi o ano do dancehall. Mas não acabou ainda, hoje tem muito mais na Arena Miraflores com Pouca Vogal, Vivendo do Ócio, Shadowside e Na Terra de Oz.

2 comentários:

  1. Sou fã de Marquinho e Achiles .Mas, COCOA é demais!

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  2. O sambista Achiles Neto ?
    E Complexo Ragga melhor da noite? quem definiu isso??? houve uma enquete??? é opnião pessoal?

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