Por Fran Ribeiro
12 de junho, 04h45 da manhã e a chefe de tripulação, Gisele, me alerta para uma das principais alçadas da minha vida profissional (e da minha própria vida). "Pedimos a sua atenção para as demonstrações de segurança, mesmo que você seja um passageiro frequente."
Devidamente acomodada na poltrona 27F, embarcava para encontrar a galera do Coletivo Tatuzaroio de Comunicação e Cultura para fazer parte da cobertura da Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, que acontece dos dias 15 a 23 de junho no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Às 08h37 desembarquei no aeroporto do Galeão e sigo para o bairro do Lins para encontrar André Vieira, um dos fundadores do Tatuzaroio. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), junto com o chileno Sebastian Coll e mais uma equipe formada por comunicadores populares, fazem coberturas midiáticas das mobilizações sociais que não são televisionadas.
Convidados pela organização da Cúpula para ser, junto com a EcoVoz, os coletivos do Brasil para fazer a cobertura da conferência dos povos durante a Rio+20, o Tatu começa a se firmar como um coletivo de comunicação alternativa. Sempre dando voz aos movimentos socias que são negligenciados pela grande mídia, o grupo já conseguiu denunciar as tentativas da Prefeitura do Rio de Janeiro em aplicar a sua política de higienização social na Vila do Autódromo, ameaçada pelas obras das Olimpíadas de 2016, na qual a cidade carioca será sede.
Capitalismo Verde, não!
Descreditada das políticas adotadas, principalmente, pelos países em desenvolvimento, a sociedade civil organizada do globo decidiu ocupar a Rio+20, para protestar contra a crise econômica, a falta de políticas combativas à injustiça social e ambiental e o não cumprimento dos acordos firmados pelos países na Rio 92, resolução que depois de 20 anos conseguiu nada a firmar no tratado assinado pelas nações que compõem a ONU.
Com a principal crítica de que a proposta de “economia verde” na verdade é mais uma porta para o lucro do sistema capitalista, a Cúpula dos Povos promete ser mais propositiva que a Rio+20. Trazendo à tona mais uma vez a força da mobilização popular, a Cúpula, como diz a descrição no site, "faz parte de um processo de acúmulos históricos e convergências das lutas locais, regionais e globais, que tem como marco político a luta anticapitalista, classista, antirracista, antipatriarcal e anti-homofóbica".
Com o tema “Venha reinventar o mundo”, a Cúpula convida a qualquer ser humano, de qualquer raça, cor, crença, orientação sexual a debater qual política de enfrentamento aos graves problemas hoje enfrentados pela humanidade devem ser adotados.
E o que a gente tem a ver com isso?
Me arrisco, sem o medo de ser feliz (se é que a gente pode ser feliz nesse caso), temos tudo a que nos importar com isso. A Rio+20 pode anular tudo o que foi acordado durante a Rio 92. No ano que expira o Protocolo de Kyoto, as nações que mais emitem gases nocivos à camada de Ozônio, responsável por filtrar cerca de 95% dos raios ultravioleta B (UVB) emitidos pelo Sol que atingem a Terra, Estados Unidos, Rússia e a Alemanha não estarão presentes na Conferência.
Daqui, nós do Coletivo Tatuzaroio vamos apresentar qual é a proposta de desenvolvimento social para o mundo em convergência à preservação das fontes naturais do Planeta. São alternativas que sempre nos foram apresentadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por exemplo. Com eles, temos umas das melhores propostas de crescimento da sociedade com alternativas econômicas que podem preservar a tradição, a cultura e a natureza. Esse é a tradução de sustentabilidade.
Leia mais:
Fique por dentro: RIO+20, Cúpula dos Povos e Cultura e Sustentabilidade: http://orebucete.blogspot.com.br/2012/04/fique-por-dentro-rio20-cupula-dos-povos.html
Rio+20: http://www.rio20.gov.br/
Cúpula dos Povos: http://cupuladospovos.org.br/
Coletivo Tatuzaroio: http://www.tatuzaroio.com.br/
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